Bicicletas. Por toda parte, como extensões de pernas, de corpos, cruzam leves as vias, em deslizar tranquilo.
Corpos bronzeados e lânguidos, azeitados pelos exercícios, tonificados, respiram o ar puro e umidificado pela maresia.
Olhares se cruzam, o balé continua.
Nascem sabendo pedalar; se vêm para cá já tarde, logo aprendem, nas ruas sem aclives, no margear a...
costa, nas vias à beira-mar, nas ciclovias.
Cada casa guarda uma, duas, três, nos ganchos das paredes, nos corredores, nas garagens.
É enfeite, elemento decorativo, não importa o estado. Está tanto integrada ao ambiente interno como ao externo, sempre à mão. Ágil, companheira, pau pra toda obra.
Novas, velhas - amigas de anos -, marchas, aros, cestos, cadeirinhas, levam compras, crianças, namoradas, presentes e animaizinhos de estimação, que fazem graça e chamam para novas pedaladas.
Bicicleta até para pular nas grandes pedras onde as ondas arrebentam, com violência. Esporte radical.
Em geral, serve namorados, trabalhadores, consumidores, gente que passeia, compra, domina espaços, democraticamente.
Disseminado na cidade o veículo leve, os estacionamentos florescem nos supermercados, lojas, instituições públicas.
Não temem as chuvas, os carros, os transeuntes, o escuro e o claro.
Equilibristas manobram-nas com guarda-chuvas abertos - olhos que enxergam além dos panos e das águas -, contra os açoites lançados pelos céus.
Às vezes três rodas: triciclos. Uma vizinha, senhora bastante idosa, tem um, que usa para se locomover a toda parte, com graça juvenil.
Outro vizinho destina uma para o trabalho e outra para passeio, como roupas e sapatos: o "de briga" e o "da missa".
As bikes são a prioridade, junto aos que caminham, pés no chão, calçados ou não; às vezes, cobertos da areia que polvilha os caminhos. Para estes, as faixas de traços paralelos e brancos, às vezes apagados, sempre obedecidos.
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