Um sobrinho, que namorava...terreno vizinho ao meu, regateou um pouco para conseguir abatimento e perdeu a chance: terceiro rapidinho cobriu a oferta.
Quando ainda morava em São Paulo e descia todos os finais de semana, checava de onde era a placa dos carros. O propósito? Pura bobagem: "Tanta gente querendo um lugar na praia e eu, logo, logo, estarei morando no meu paraíso."
De lugares dos quais jamais ouvi falar vinha turistas: campineiros, aos montes, chapas tanto de todas as regiões de nosso estado como dos estados vizinhos: só daqui, além da grande São Paulo e da já citada Campinas, Franca, Sorocaba, Piracicaba, São Carlos, Garça, Marília, Assis, Andradina, São José do Rio Preto, Franca, Ribeirão Preto, Araraquara, Fernandópolis, Botucatu, Ourinhos, Presidente Prudente e mais outros além da conta). Automóveis de Guaratinguetá e Lorena, tão pertinho do Rio de Janeiro, dando um olá para as nossas areias.
Descobri que diversos advogados, com quem lidava todos os dias, tinham imóvel na cidade, pertinho de onde moro hoje. Tinham também, é claro, planos. Apaixonados, só não se mudaram ainda de mala e cuia porque o emprego (próprio ou do marido) limita o campo de ação. A realização dos sonhos fica para depois, para quando der. Até lá, é descer e subir a serra, nos finais de semana, acompanhando a boiada.
Para quem pode, quem sabe o próximo concurso de remoção? O problema é que há muita gente querendo vir e daqui ninguém sai. Quando penso nisso vejo como fui abençoada.Vejo o amor de cada um se revelando no capricho com que cuidam dos jardins, das calçadas, das praias, dão um toque único e pessoal ao imóvel: vasos, esculturas, numeração, jardins, piscinas, árvores, decoração.
A cidade cresceu muito nos últimos anos. Há um comércio pujante, uma grande rede de abastecimento (vários unidades dos supermercados Extra, Saito, Dia, Krill etc.) e muitos bancos: Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, HSBC.
Cidade que se preza tem que ter Mc Donald's, ainda que você odeie seus produtos. Mc Donald's é sinônimo de classe média instalada, de capacidade de consumo. Você sabe o que vai encontrar, não importa onde esteja estabelecido. A gastronomia da cidade não se resume à marca famosa. Há uma infinidade de lanchonetes e restaurantes que servem todos os gostos. Dos conhecidos e que me lembro posso mencionar Habibs e Giraffas. No entanto, há fartura na oferta do quesito alimentação: comida mexicana, japonesa, frutos do mar, espanhola, italiana, árabe, panquecas, pizzarias.
A grande e encantadora praça, no centro histórico e típico da mais encantadora cidade do interior, oferece tantas opções que é difícil escolher.
Também nos últimos anos se estabeleceram casas conhecidas e famosas, como Pernambucanas, Casa Bahia, Loja Cem, Compre Fácil, Lojas Americanas, Kallan, Boticário, Havaianas e outras sem qualquer fama mas muito charme, por toda parte.A cada ano muitas lojas são inauguradas, nos mais diversos seguimentos: perfumarias, colchões, móveis, artesanato, farmácias, acompanhadas por novos escritórios, consultórios: médicos, advogados, arquitetos. É muita gente apostando na cidade e na melhor qualidade de vida.
Os proprietários dos quiosques que mais frequento vieram do interior; um deles de São Carlos, que por muito tempo descia a serra a cada final de semana. Do Ipiranga o dono de uma pizzaria, que depois de se dividir durante alguns anos entre a casa de São Paulo e a daqui, optou por esta e fechou a paulistana.
Tanto o centro (o novo e o histórico) como os bairros recebem mais e mais empreendedores, gente que descobre o lugar, compra um imóvel para gozar das praias nos finais de semana e acaba se mudando, chamando a cidade de sua (como eu).
Quarta-feira, véspera de feriado e as vias congestionadas, o povo ansiando pelo pé na areia, gozar do ar puro e da bela vista. O outono está castigando: não chove, o ar está seco e faz muito calor. É um suplício viver em São Paulo. Eu, no meu paraíso, despensa cheia, vou ficar em casa, às voltas com os jardins, o pomar e os passarinhos, gozar da companhia das filhas, que vêm de longe me visitar. A praia está lá, a alguns passos, esperando por mim.
Aguardo o retorno dos turistas, que enchem os supermercados, restaurantes e lojas, a seus lugares de origem, torcendo para que eles compreendam que a viagem só é boa de verdade quando você respeita o lugar que o recebeu. Porque quem sabe amanhã você pode chamá-la de sua.


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