Com o mar por vizinho e tantos rios piscosos, natural que eu e o Roberto quiséssemos pescar. Afinal, a pescaria é o hobbie de 80% dos caiçaras da região e de muitos turistas que aqui frequentam: linha retesada, água pelas coxas, ondas balançando o corpo, que aprende o equilíbrio; acampamentos improvisados sobre pedras imensas, feitas barrancos e quebra-mar onde o mar recebe as ondas violentas e carregadas de espuma; barcos pequenos e grandes, próprios ou alugados, que singram mar e rio, perseguidos pelas gaivotas, tantas; muitas fotos, selfies e "contação" de vantagem. Sem exageros não se é pescador.
Um colega (o Nelson) colhe a pena de pomba do chão, burila, burila... À volta, todos sabem para o que serve ("Melhor é a pena de ganso; eu vou trazer algumas para você, amanhã"), só eu passo por ignorante, que de fato sou. "Mas não está claro? Fazer isca para robalo." O camarada, dias depois, posa com um peixe imenso, mais de dez quilos. Não robalo, mas o destino é o mesmo.
Para pescar é preciso técnica, e se o tempo e a vida não nos deram experiência, natural que se aprenda pesquisando. O primeiro socorro, nos dias de hoje, é buscado no Google, mas a internet não ajudou. Um tal de libra pra cá, peso pra lá, desagarro do computador mais ignorante do que quando sentei para investigar, cadeiras cansadas, meio perdida. Mas persistente.
Para o absolutamente desinstruído, como eu, que o máximo de atrevimento a que chegou foram os siris, quando criança, uma única vez e com papai e mamãe, tudo é novidade e estranheza.
Fazer o quê?
Perguntar pra quem entende, é profissional do ramo e amigo.
Esperei o Caíco chegar ao trabalho (trabalho do resto do dia, pois se o dia estava ensolarado, claro que ele pescou pela manhã, desde a madrugada) e lá fui eu, folhas de anotação e caneta na mão.
Caíco é o meu amigo pescador, do qual já falei neste espaço em
CAÍCO, O PESCADOR. PERSONAGEM E PROTAGONISTA DE ITANHAÉM: A NATUREZA QUE RECEBE, CRIA E ENSINA; A GENTE, QUE AMA TANTO. Uma lenda.
Cumprimentos, como vai você, apresentei meu projeto e me atirei às perguntas, satisfeita com sua boa vontade: quais os melhores equipamentos para o principiante na arte da pescaria.
Primeiro, a vara: qual o comprimento?
O comprimento mínimo é de dois metros, não menos, para que se atire longe a linha.
Bambu, fibra de vidro ou carbono?
Fibra de vidro é mais resistente. Mais pesada, também, mas melhor do que a de carbono. Nem se discute.Molinete ou carretilha?
Para principiante, molinete, com certeza. Para trabalhar a carretilha é preciso experiência. Muita experiência. Uma carretilha boa custa muito caro, e se não for muito boa (muito boa mesmo), quebra com facilidade. Melhor ficar com o molinete.
Linha
Monofilamento é muito bom, mas também a linha 0,30 ou 0,40.
Isca
Tem as artificiais, que funcionam, sardinha (o peixão do Nelson foi fisgado com sardinha), camarão. Ao gosto do freguês.
Tudo o que eu precisar de equipamento e apetrecho e mesmo dica posso buscar no Tadeu, que tem uma casa de artigos para pescaria pertinho do Tia Lena, já quase na Boca da Barra. Ele é o personagem de
QUATRO FILHAS, DOIS NETOS X QUATRO FILHOS, DEZESSETE NETOS. Uma figura, que conhece tudo sobre pesca e mais um pouco e com o qual o Caíco também troca ideias.
Cuidado com o anzol
Anzol é "bicho" perigoso. Bom é ficar em lugar onde tenha pouca gente, que saiba pescar. Outro dia, uma senhorinha jogou a linha de qualquer jeito, o anzol agarrou a mão de um colega (o Wladimir), que berrou para que ela parasse e ele pudesse tirar a coisa, que não saiu. Só no pronto socorro - depois de cortada a linha, é claro.
Mercado Livre
Dia seguinte, contei a novidade: comprei, pelo Mercado Livre, três varas telescópicas, com molinete e linha. Uma beleza!O Caíco: "Telescópicas? Vai dar certo. É para começar."
Hã... Aprendi mais uma, né? Melhor seria a vara comum.
Mas deixe estar. Peixinho vai embora, para pegar depois, mas de resto vira comida e vai posar em foto comigo. Eu vou contar como foi.
É ir tentando, experimentando. Afinal, aprende-se a pescar pescando, se bem que os iniciados possam dar uma boa mão.
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